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Foto do escritorMarcio strzalkowski

Rocky V - Um Filme Machista

Este review machista pretende fazer um pouco de justiça com este filme.

Sendo o filme mais fraco, isso significa que é um filme ruim?

Lógico que não! Rocky 5 é o filme mais fraco de uma saga de filmes machistas cujas mensagens são de superação das dificuldades através do esforço. A meritocracia.

Se assistido separadamente, ainda é um bom drama com mensagens fortes, personagens interessantes, musicas dos anos 80 e um bom desfecho que o colocam a par com outros dramas de ótimo nível. É um bom filme que veio na cola de um filme muito maior.



Rocky V (1990) Dirigido por John G. Avildsen Escrito por Sylvester Stallone

Rocky 5 é o filme mais fraco da Saga Rocky.

Veio depois de Rocky 4, filmaço que apresentou um “vilão” icônico treinado com anabolizantes e que estava disposto até a matar seus oponentes em cima do ringue. Assassinando assim o velho amigo e rival de Rocky, Apollo Creed. Em busca da superação, Rocky foi treinar duro na Siberia para desafiar Ivan Drago em sua terra natal, na frente dos lideres socialistas e do povo Russo. Foi um filme tão grande que criou uma expectativa de que só poderia ser superado se Rocky lutasse com um alienígena. O que rendeu exatamente no filme O Predador onde Arnold enfrentava um alienígena. Mas ao invés disso, temos o Rocky 5 que conhecemos.


De volta às raízes

Logo no começo do filme, com direito a flashback do filme anterior, temos uma revira volta em toda a situação de Rocky Balboa e sua Família: Durante o tempo em que ficou fora do pais o seu contador literalmente roubou todo o dinheiro que Rocky conseguiu em sua carreira.

Deixando o campeão do mundo literalmente quebrado e tendo que voltar a morar no seu antigo e decadente bairro.

E para piorar a situação, descobre-se que Rocky também não pode lutar por causa dos ferimentos durante a sua carreira. Terminando a sua carreira no Boxe.

Estes acontecimentos tem como resultado fazer Rocky voltar para as suas raízes humildes de um fudido que vai tentar dar a volta por cima através do próprio trabalho.

O que faz Rocky começar a trabalhar justamente como treinador na antiga academia onde aprendeu a lutar. Adrian, por sua vez, volta a trabalhar na antiga loja de animais.

O que é a lição do filme sobre voltar as raízes mantendo a humildade. O mais afetado nesta mudança é o filho de Rocky, Bobby, que começa a estudar na escola publica depois de passar a vida toda em escolas particulares.



O inimigo fora do ringue

Uma das lições mais importantes que Rocky aprendeu com seu antigo treinador Mickey foi não se envolver com o lado podre do boxe que é a máfia dos empresários gananciosos.

Aqui, temos um empresário que representa muito bem isso. Que tem toda a sua imagem feita com semelhança de empresários corruptos do boxe. Em especial, Don King, empresário do antigo campeão mundial Mike Tyson.

Aqui, ele oferece a Rocky todas as chances de lutar contra um campeão fabricado. Pelos meios errados. Fraudando laudos médicos, documentos e assinando contratos inescrupulosos.

Rocky declina de todas as tentativas.


Uma nova esperança

Através do reconhecimento do seu trabalho, Rocky também é procurado insistentemente por um rapaz com forte vontade de treinar, Tommy Gunn. (Tommy Morrison, que realmente foi campeão mundial dos pesos pesados vencendo George Foreman! Faleceu em 1 de Setembro de 2013) Um rapaz humilde, sem nada e que só procura uma chance para provar seu valor. O que faz com que Rocky se identifique com o mesmo por sua própria história humilde de ter ralado muito antes de ter uma chance igual na vida.


Aos poucos, Rocky decide se dedicar a treinar o rapaz para continuar o seu trabalho com o esporte que tanto ama. Tommy, que não tem nem o que comer e nem onde ficar, acaba aceitando a oferta do próprio Rocky para morar na casa dele. Dividindo o quarto com seu filho e depois ganhando o quarto todo pra ele.

E é isto que poucas pessoas não entenderam.

Em Rocky 5, o personagem é aposentado das lutas e só voltaria ao cinema de acordo com histórias especiais onde Stallone reforça tudo o que aprendeu e daria novas lições de vida para novos públicos.


A velha meritocracia

O mérito é o reconhecimento do trabalho duro, de estudos, de inteligência e estratégia.

É resistir a dificuldade e saber aproveitar a chance de triunfar. E a saga dos filmes de Rocky é uma carta de amor assim como lições de vida sobre o mérito. E como sempre escrevo, as cenas emocionantes de treino e exercícios não tem diferença dos estudos e provas na sua vida.

Seja uma faculdade ou um emprego melhor. A meritocracia é a lei do retorno.

Rocky treina Tommy o melhor que pode e de acordo com os limites dele.


Os valentões

Paralelamente ao treino do novo atleta, temos o filho de Rocky, Bobby, começando a estudar em uma escola publica e tendo que lidar com um fato da vida: Os valentões!

Aqui eu devo confessar que nunca gostei do modo como os valentões são retratados em nossa cultura. Os valentões são aceitos em nossas escolas mesmo ameaçando, roubando e agredindo outros alunos. Um comportamento que define perfeitamente um marginal e que é mostrado como sendo normal. Algo que pais aceitam numa boa ao invés de chamar a policia ou o próprio pai encher o marginal de porrada.

Aqui, temos Rocky errando como pai ao não dar ouvidos ao próprio filho Bobby quando o mesmo tenta se queixar de que apanhou na escola e teve seu casaco roubado por marginais.

Bobby então toma pra si uma lição de vida de que temos que aprender a nos defender sozinhos.

O que faz com que Bobby acabe treinando sozinho enquanto observa o pai treinar outro garoto. Treinando os princípios do boxe tanto para fortalecer quanto para dar agilidade e destreza necessários para se defender. São muitos exercícios e lições que aprende até com os colegas treinadores de Rocky. Neste meio tempo Bobby chega até mesmo a começar a sair e a gostar de uma colega do colégio. Algo que demonstra o quanto ele vai aos poucos ganhando confiança. Até chegar na hora de revidar.

Os dois marginais sempre atacam juntos e sempre se aproveitam dos mais fracos. Eles o cercam e começam a briga. Mas rapidamente Bobby revida usando as habilidades e manhas que aprendeu para dar aquela devida surra no maior dos marginais. O que rende o desfecho normal em qualquer dupla de valentões, o maior cai e o menor foge. Pois os marginais só atacam na vantagem. Nem sei porque os chamam de valentões.


E com a vitória, ele consegue respeito próprio, seu casaco de volta e ainda transforma os delinquentes em meros capangas. Mas quando Bobby vai contar isso para seu pai, o mesmo está ocupado demais treinando o seu discípulo. Tommy. Uma decepção que ensina que as vezes as nossas maiores vitórias não devem ser para outras pessoas, mas para nós mesmos. Mesmo assim, fica uma magoa.


Pessoas mal agradecidas

Desde o inicio, o novo pupilo de Rocky, Tommy, demonstrou ser cabeça quente com problemas com o próprio pai. Ele sentia muita raiva e descontava isso nas lutas. Sinais que Rocky nem desconfiava que dariam em problema. Lógico, Rocky não é psiquiatra e não sabe lidar com isso. Assim como a grande maioria das pessoas, provavelmente vocês também.

De certo modo, Rocky tenta enxergar o melhor nas pessoas com esperança de que o contato as faça melhorar com o tempo.


E com tempo e treino, Tommy se torna um ótimo lutador pronto para entrar no ringue e mostrar o seu valor. E se podemos elogiar a saga dos filmes de Rocky por serem bons dramas bem construídos com mensagens fortes, podemos elogiar a coragem deste filme de voltar as origens do personagem humilde que não desiste e ao melhor aspecto técnico que a saga construiu: as lutas!


As lutas são um show a parte. Feitas para um publico que gosta do esporte e com tudo o que se pode esperar de melhor. A série é conhecida justamente pelo fato de que atores realmente aplicam golpes de verdade que não podem ser reproduzidos por efeitos especiais. São coreografadas para expressarem as emoções dos personagens e sutilezas importantes que ajudam na história.

Como o fato de Tommy carregar muita raiva e frustração em suas lutas. É justamente nas lutas que podemos ver e entender a dor do personagem para com seu próprio pai. Ele visualiza seu próprio pai nos oponentes e bate com muita força.

Fato que é entendido perfeitamente pelo inescrupuloso empresário. Que usa o fato do lutador sempre ser comparado a Rocky para corromper e voltar a sua raiva contra o próprio Rocky.


Aos poucos e atraves da raiva, Tommy vai ingressando no mundo da máfia por trás do boxe. Com dinheiro fácil, mulheres e carros. Tudo é fácil até demais. As cenas onde começa a discutir com Rocky, parar de treinar com ele e finalmente começar a lutar com o empresário são uma faca no coração de Rocky. Tommy luta com o campeão dos pesos pesados que vinha desafiando Rocky desde o começo do filme. Rocky assiste tudo pela tv torcendo por Tommy. E Tommy realmente vence o novo campeão mundial. Só para então agradecer ao empresário por tudo e esquecer de Rocky.


Tommy era o novo campeão mundial. Só tinha um problema; O campeão anterior nunca ganhou o titulo por mérito! Nunca lutou com Rocky para tirar dele o titulo mundial! O titulo era falso e Tommy se tornou uma piada com um cinturão de plástico. E a imprensa caiu matando!


A Lei do Retorno!

A lei do retorno é o outro nome da meritocracia para quando a pessoa começa a fazer merda na vida e a merda começa a voltar. É fazer mal para outras pessoas e ver as pessoas te tratarem mal. Mentir até ser reconhecido como mentiroso. É jogar bosta pra cima achando que a bosta não cai na própria cabeça. É não tentar ser alguém melhor, não se esforçar, não estudar e tirar um zero bem redondo.

E Tommy mergulhou de cabeça nisso por nunca ter conhecido bons exemplos. Ele nunca conheceu uma família antes, sempre foi rejeitado


E para se consagrar o melhor, deveria vencer seu antigo mentor.


Adrian, a voz da razão.

Filmes machistas sempre tem espaço para mulheres. Fato!

E mais do que isso, mulheres especiais acabam por personificar os clichês mais bonitos em filmes machistas. Adrian sempre foi a mulher especial na vida de Rocky e de uma garota tímida que quase não falava, se tornou uma companheira que sempre ajudou Rocky a achar seu rumo quando perdido.


Basta para ela uma só conversa séria para mostrar o quanto ela entende Rocky e o que ele precisa fazer.

Em uma só conversa, Adrian explica que Rocky não aceitou bem a aposentadoria forçada e acabou adotando um pupilo para poder se sentir no ringue de novo. Para se sentir um campeão de novo. E acabou negligenciando a própria família por um sonho depositado em um rapaz cheio de problemas. Rocky se dedicou tanto ao rapaz que não percebeu o próprio amadurecimento de seu filho, que acabou se distanciando da família.

E que o começo para se consertar as coisa seria justamente se reconciliar com o próprio filho e deixar o passado para trás.

Adrian é foda!


Deixando o passado para trás

Ao final do filme, seu ex pupilo, Tommy, vai até seu bar favorito para desafiar Rocky. O desafio é um verdadeiro circo montado pelo empresário com direito a imprensa e câmeras. Rocky decide que não vai lutar. Que já chega de perder tempo com o mal agradecido.

Mas tudo isso acaba quando o ex pupilo agride Paulie, o velho amigo e cunhado quase inútil de Rocky que eu não mencionei até agora.


A partir deste ponto começa uma senhora briga do lado de fora do bar e pelo meio da rua.

E como eu disse antes, as lutas deste filme são tão bem escritas que praticamente explicam os personagens sem que seja necessário ver o resto do filme.

Tommy ataca sempre com raiva e por isso não mede consequências de seus atos. Agride outras pessoas, perde tempo xingando Rocky e outras pessoas, comete erros e Rocky os aproveita.

Rocky, por sua vez, é capaz de aguentar golpes duríssimos e ofensas como quem aguenta chuva. Só de ver Rocky brigando, podemos entender que ele não gosta de perder a calma, sendo difícil tirar ele do sério, difícil machucar e mais difícil derrubar ele. E a cada queda ele se levanta cada vez mais disposto. E mais do que isso, podemos ver Rocky usando manhas contra Tommy. O enganando e voltando sua própria força contra si mesmo.

A luta é entre um atleta muito bem reparado, mas que bate com muita raiva contra seu velho mestre que compensa com resistência e experiência. Tommy tem toda a vantagem de ser mais jovem, mais rápido, muito mais forte e de bater com muita raiva. A mágoa de seu pai o fez se tornar violento com a única figura paterna que teve na vida. Luta com ódio e de maneira injusta. Enquanto Rocky aguenta a luta o máximo que pode apenas para dar o seu melhor no final com Tommy sem folego.

Acho que não preciso explicar o fim da briga.


Com este filme Sylvester Stallone usa o seu personagem mais querido para explicar valores que todos nós devemos aprender. Como aprender o valor da humildade, de voltar as raízes de cabeça erguida. Assim como desenvolve erros para o personagem que nos ensinam a nunca deixar a família de lado para correr atrás dos sonhos do passado. Fala sobre como não podemos depositar todas as nossas esperanças em outras pessoas.

O novo discípulo de Rocky é uma lição de vida sobre pessoas mal agradecidas. Assim como uma analogia direta ao trabalho. Sobre se dedicar ao trabalho e esquecer a família.

Tommy Gunn seria um trabalho novo pelo qual esperava reconhecimento.

Sobre como é fácil outra pessoa tentar roubar para si o credito do nosso trabalho, mas que ninguém rouba o mérito.

São lições sobre erros que Sylvester Stallone coloca em seu personagem mais querido justamente para mostrar que todos nós podemos errar. E mais do que isso, corrigir os erros e dar a volta por cima.

Este filme é a primeira vez que o personagem é aposentado. Só voltando ao cinema em mais um filme próprio e depois para treinar um novo discípulo em Creed, onde Stallone ganhou outro Oscar pelo mesmo Rocky Balboa.

Como eu disse, é um filme mais fraco de uma saga muito acima da média. E com certeza é um bom filme.


O Ator Sage Stallone era filho de Sylvester Stallone

Fez o papel de Bobby em Rocky II como bebe e em Rocky V

Só não aceitou retornar como Bobby em Rocky Balboa pois,

seu pai o apresentou tão bem ao cinema que ele fundou a

Grindhouse de produção, distribuição e recuperação de filmes antigos.

Sendo diretamente responsável por alguns dos melhores filmes de terror

dos últimos anos!


Infelizmente faleceu em 13 de Julho de 2012 ficando aqui a minha homenagem


Por Marcio Strzalkowski

Força e Honra!

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